5 de mai. de 2015

Aproximando-se mais da simplicidade pura



Relaxe seus olhos, solte seu corpo, observe sua respiração e abandone gradativamente seus pensamentos... Sinta o silêncio... Absorva-se na profunda quietude...

Simplicidade! Simplicidade! Simplicidade! Que suas ocupações sejam duas ou três, e não cem ou mil.

Quando renunciamos ou abandonamos o que é irrelevante, resta-nos apenas o essencial, que é impossível perder. Quando abrimos mão do apego ao ego, aliviamos nossa carga e descobrimos quem realmente somos. Essa é a magia da simplicidade.
E todos concordamos: A simplicidade é bela; a simplicidade é espiritual; a simplicidade é uma bênção. A simplicidade é o que desejamos. Menos é decididamente mais. No zen, por exemplo, a meditação é chamada de “Zazen”, simplesmente sentar-se. Mas o verdadeiro significado de Zazen é permanecer no momento e simplesmente estar. Abandonar os pensamentos, os movimentos e os discursos supérfluos. Simplesmente estar. Pura presença.
Em nossa vida agitada, ansiamos um retorno à pureza, à naturalidade e à inocência. E por mais que sonhemos, porém, com um modo de vida que revele simplicidade, geralmente não vivemos assim. Continuamos nos perguntando: Tenho tudo de que preciso¿ Quando, na verdade, uma pessoa consciente perguntaria: ‘Será que preciso realmente de tudo o que tenho?
A vida é assim... Imprevisível, complicada e tão difícil de controlar quanto um cavalo selvagem. Pela própria natureza a vida não é simples.
Todos os sábios de todas as épocas disseram a mesma coisa de maneiras diferentes; ‘Perdemos Deus, perdemos o sentido e perdemos a nós mesmos na complexidade. Quando nos envolvemos na multiplicidade, perdemos a unidade. Em meio ao excesso de formas, perdemos de vista a essência.

Como buscadores espirituais, queremos ser capazes de ver o significado simples e fundamental do que fazemos. Queremos ser capazes de organizar a desordem da escrivaninha, da nossa vida, do nosso coração e da nossa mente para encontrar o que estamos procurando. Mas encontrar soluções simples nos estilos de vida caótico de hoje em dia requer muita atenção e autodomínio.
Uma vez li um pensamento escrito num papelzinho amarelo num quadro de aviso que dizia: “Do caos surge uma estrela dançante”. Perceba... Queremos ser capazes de fazer o mesmo com nossa vida. Queremos organizar o caos, descascar as diversas camadas da cebola e encontrar a estrela dançante. Ela pode estar enterrada no caos, mas sabemos que está lá não sabemos? As estrelas dançantes somos nós. Com nossa própria luz, vamos descobrir sozinhos o que queremos ser. Mas antes precisamos simplificar.
O conceito de bobo santo ou do louco sagrado está contido em todas as tradições filosóficas do mundo. O bobo santo – e muita gente já argumentou de maneira bem convincente que Buda, Jesus Cristo e Maomé pertencem a essa categoria – consegue observar as complexidades perturbadoras do mundo, consegue descascar suas camadas e ver as verdades simples e essenciais ali enterradas. A unidade dentro da multiplicidade.
Geralmente também se relaciona a simplicidade com a inocência e o espanto infantil. Kitaro certa vez escreveu: “Se meu coração puder tornar-se puro e simples como o de uma criança, acho que provavelmente não haverá felicidade maior”. No fundo do coração, recordamos nossa infância, recordamos uma época em que víamos o mundo com certa clareza e compreensão intuitiva. Tínhamos tão pouco excesso de bagagem... Ainda iríamos acrescentar inúmeras projeções, preconceitos, hábitos e apegos.
Então, lutamos pela simplicidade na nossa própria vida arrancando camadas e mais camadas de sujeira que se grudaram em nós com o passar dos anos, ou talvez até de várias vidas. Sentimos tanto o peso da carga supérflua...

Não seria maravilhoso, então, nos livrarmos dessas cargas e nos despirmos do não essencial¿ Podemos simplificar nossa vida afrouxando o apego e abandonando maus hábitos e comportamentos insatisfatórios. Para simplificar nossa vida, simplificamos nossa mente pela prática da meditação. E depois de transpor todas as camadas e véus, ficamos com a luminosidade fundamental – nossa Verdadeira Natureza (Natureza búdica inata). Simplesmente Ser – Presença Autêntica.

A partir daí, não resta mais nada para analisar, compreender ou adquirir. Chegamos. É tudo tão simples assim.

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