Procure
relaxar seus olhos... Relaxe seus ombros, seus braços, suas costas, seu quadril
e suas pernas... Solte bem os seus pés...
Observe
seus pensamentos...
Não é verdade que sua mente contém um
emaranhado de ansiedades, arrependimentos sobre o passado, e planos para o
futuro? Não parece às vezes que nossas mentes estão repletas de sentimentos
conflitantes, pensamentos e fantasias? A cada segunda, a cada dia, a mente e os
sentidos são inundados de estímulos externos – somos inundados por sons,
cheiros, visões. Tanta coisa acontecendo – tanta informação irrelevante que
entra e sai da mente que às vezes parece impossível “enxergar direito”, parece
impossível ver com clareza.
A mente é capaz de muita coisa: ela
criou todas as maravilhas e todos os horrores do mundo moderno. A forma como
usamos o dom da consciência faz toda a diferença. Frequentemente somos
dominados pela tirania (violência) de nossos pensamentos, e somos controlados
por nossas mentes mecânicas e rodeados pelo eco vazio de nossas bocas. Nossa
imaginação inquieta e nossos incessantes apegos, ansiedades, incertezas e
preocupações correm furiosas, não nos permitindo um único instante de paz.
Nestes momentos, é bom fazer uma
avaliação, renovando a busca do nosso comovente coração por felicidade e
realização, para que possamos recomeçar nossa jornada renovados, em busca
daquilo que realmente importa na vida e ficar com ele. O que realmente nos
importa¿. Como aprender a amar e viver melhor? Como construir uma vida, não
apenas sobreviver. Como transformar a vida em alguma coisa pela qual vale a
pena viver. Como encontrar a nós mesmos – nossos verdadeiros “eus” – não apenas
nossa persona ou imagem. Como utilizar nossos talentos especiais e os dons que
temos?
Se queremos aprofundar e simplificar
nossas vidas, temos que aprofundar e simplificar nossas mentes. Quando nos
tornamos mais centrados, lúcidos, amorosos e abertos, percebemos de repente que
existe muito espaço em nossas vidas frenéticas, tanto para nós quanto para os
outros.
No Dhammapada, o Buda disse: “A mente
é inquieta, instável, difícil de vigiar e de controlar. O homem sábio a torna
reta, como um arqueiro retifica uma flecha. A mente é inconstante, muda de
lugar com facilidade, e por isso, difícil de conduzir, e vai para onde quer. É
bom domesticar e dominar a mente, porque uma mente disciplinada traz
felicidade”.
A meditação exige muito pouco. Tudo o
que é preciso fazer é parar o que se esteja fazendo, e simplesmente estar ali.
É preciso estar presente para ganhar o prêmio! Então, apresente-se! Depois que
a pessoa se acostuma a meditar, pode meditar em pé, andando, deitada ou até
mesmo arrumando flores. O Buda disse uma vez que existe quatro posições para a
meditação: de pé, sentado, andando e deitado. Em outras palavras, o tempo todo.
No início a meditação é uma questão de
focalizar e acalmar a mente. Mais tarde vem a percepção profunda. Por muitos
séculos os meditadores foram ensinados a usar a respiração como uma ferramenta.
Eu aprendi, e agora ensino aos outros, a começar inspirando pelo nariz,
concentrando-se na sensação do ar entrando pelas narinas; a seguir expirar
pelas narinas – novamente concentrando-se no ar que sai pelas narinas.
Simplesmente observe a respiração e não pense em mais nada. O que quer que
aconteça – pessoas se movendo, mosquitos voando, rádios tocando, não preste
atenção. Se você tiver uma sensação física, câimbra no pé, vontade de coçar as
costas -, tente deixar a sensação ir embora e volte a focalizar a respiração
para dar à mente um suave empurrão de volta e continue com a atenção na
respiração.
Parece simples, mas quando tentamos
fazer isso, começamos a notar como nossas mentes são incontroláveis e como é
difícil manter o foco em uma única coisa. Os adultos compreendem que as
crianças têm períodos de atenção muito curtos. Os mestres de meditação também
entendem que os adultos comuns têm o mesmo problema de concentração.
Entretanto, com esforço, atenção e concentração, a meditação funciona até mesmo
na mente mais teimosa. E quais são os conteúdos da meditação? Você, sua vida,
seu mundo. Não é preciso ir ao Tibete ou ao Nepal para encontrar algo sobre o
que meditar.
Como
escreveu o mestre zen Dogen:
Estudar o caminho do Buda é aprender
sobre si mesmo.
Aprender sobre si mesmo é esquecer-se
de si mesmo.
Esquecer-se de si mesmo é tornar-se
iluminado por todas as coisas.
Ser iluminado por todas as coisas do
universo é libertar-se do corpo e da mente, de Si Mesmo e dos outros, nesse
exato momento”.
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