15 de fev. de 2015

Parando de se esconder de si mesmo


O homem nasce sozinho e morre sozinho, mas, entre esses dois pontos, ele vive em sociedade, ele vive com os outros.
Mas a solidão é sua realidade básica; a sociedade é simplesmente acidental. E a menos que o homem possa conhecer sua solidão em sua total profundidade, ele não pode se familiarizar consigo mesmo. Você permanece desconhecido. Pelo lado de fora, você não pode ser revelado.
Mas nós vivemos com os outros e por causa disso, o autoconhecimento fica completamente esquecido. Você sabe alguma coisa de você, mas indiretamente - é algo dito a você pelos outros. É estranho, absurdo, que os outros devam lhe dizer sobre você.
Seja qual for a identidade que você carregue, ela é dada a você pelos outros; ela não é real, é uma rotulação. Um nome é dado a você. Não somente o nome é dado, a própria imagem que você pensa ser é dada pela sociedade: que você é bom, que você é ruim, que você é belo, que você é inteligente, que você é moral, um santo, ou seja, o que for.
A imagem, a forma, também é dada pela sociedade, e você não sabe o que você é. Nem seu nome revela nada, nem a forma que a sociedade lhe deu. Você permanece desconhecido para si mesmo.

Esta é a ansiedade básica. Você existe, mas você é um desconhecido para si mesmo.
Esta falta de conhecimento da pessoa sobre ela mesma é a ignorância, e esta ignorância não pode ser destruída por nenhum conhecimento que os outros possam lhe dar. Eles podem lhe dizer que você não é este nome, que você não é esta forma, que você é uma "alma eterna", mas isso também está sendo dado pelos outros.
E a menos que você chegue até a si mesmo diretamente, você permanecerá na ignorância. E a ignorância cria ansiedade. Você não tem somente medo dos outros, você tem medo de si mesmo - porque você não sabe quem você é e o que está escondido dentro de você - da fonte de onde você vem, do fim para o qual você está se movendo, do ser que você é agora.
Até o amor se tornou impossível. Nem à sua esposa você pode dizer a verdade. Nem com seu amante você pode ser totalmente autêntico, porque mesmo os olhos dele ou dela estão julgando.
Ele ou ela também quer uma imagem a ser seguida, um ideal - sua realidade não é importante, o ideal é importante.
Você sabe que se você expressar sua totalidade, você será rejeitado, você não será amado. Você tem medo, e por causa desse medo o amor se torna impossível.
O silencio é essencial. Sua alma é essencial; seu Ego é acidental. E descobrir o essencial é a busca, a única busca.
E como descobrir o essencial? Buda saiu em silêncio durante seis anos. Jesus também foi para o deserto. Quando ele saiu de volta, ele era um homem totalmente diferente: ele tinha se defrontado consigo mesmo.
A solidão torna-se o espelho. A sociedade é o engano. Eis por que você tem medo de ficar sozinho - porque você terá de se conhecer na sua nudez, na sua ausência de máscaras.
Você tem medo. Ficar sozinho é difícil. Sempre que você está sozinho, você imediatamente começa a fazer alguma coisa, de modo a não ficar sozinho.
Você pode começar a ler o jornal, ou talvez você ligue a TV, ou você pode ir a um clube para se encontrar com alguns amigos, ou talvez visitar alguém da família - mas você tem de fazer algo. Por quê? Porque no momento em que você está sozinho sua identidade se derrete, e tudo que você sabe sobre si mesmo fica falso e tudo o que é real começa a vir à tona.
Todas as religiões dizem que o homem tem de entrar em retiro para conhecer a si mesmo.
A pessoa não precisa ficar lá para sempre, isso é inútil, mas a pessoa tem de ficar em solitude por um tempo, por um período.
E a extensão do período dependerá de cada indivíduo. Jesus ficou sozinho por alguns dias; Mahavir durante doze anos e Buda durante seis anos. Depende. Mas a menos que você chegue ao ponto onde você possa dizer "agora conheci o essencial", é imperativo ficar sozinho.

por Osho

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