4 de jun. de 2014

Todos nós somos Budas III


Neste momento, olhe pra dentro e absorva-se em si mesmo.
Se além de ir para dentro nesse exato momento, você fosse capaz de despertar o seu Buda adormecido, o que encontraria?
No seu coração, no meu, e de todas as criaturas - grandes e pequenas -, existe um brilho interno que reflete a nossa natureza essencial, que é sempre positiva.
Os tibetanos se referem a esta luz interior como brilho puro ou luminosidade inata.
Quando estamos prontos para ouvir sobre essa sabedoria, quando estamos dispostos a refletir sobre seus profundos ensinamentos e verdadeiramente comprometidos com a prática dessas lições, fazendo o nosso melhor no dia a dia, podemos atingir essa luminosidade inata.
Chegaremos, enfim, ao âmago do despertar – a iluminação.
Iluminação significa um fim para o vagar sem destino pelas transições ilusórias da vida e da morte. Significa que você encontrou o seu Ser autêntico. E como esse Ser autêntico se sente? Totalmente confortável, em paz, à vontade em cada situação e em qualquer circunstância, com uma sensação de verdadeira liberdade interior, sempre independente das condições externas e das emoções internas.
Despertar o Ser autêntico e permanecer desperto exige grande autoconhecimento. Significa prestar atenção, momento a momento, em como se pensa e age, e também um compromisso contínuo com a busca interna por respostas... Para dentro... Mais fundo... Por baixo da superfície das coisas, e não apenas dentro de você mesmo.
Como ocidentais, fomos condicionados a pensar de forma diferente. Estamos sempre procurando as respostas do lado de fora. Esperamos que amantes, amigos, pais, autoridades e até mesmo filhos preencham necessidades nossas que eles não têm a menor possibilidade de suprir.
Temos fantasias sobre romances, carreira, amizades, aventuras. Estamos cheios de fantasias sobre o passado e o futuro. Muitas vezes não queremos soltar estas fantasias porque temos medo de que, se fizermos isso, estaremos desistindo da vida.
Mas não é assim que funciona. Na verdade, expectativas pouco realistas diminuem a alegria do momento atual.
Tendemos a pensar principalmente em termos de gratificação de nossos desejos e de assegurarmos nosso lugar no mundo; fomos condicionados a colocar a ênfase primária na personalidade ou como parecemos aos outros. Nossos discursos estão cheios de frases sobre como projetar uma boa imagem. Todos nós buscamos segurança, bem estar e certezas.
Levamos esse tipo de lógica ainda mais adiante, quando reduzimos a vida a uma contínua competição. Treinados e condicionados a acreditar que a vida é uma questão de realizações, que se trata de vencer, perder e se afirmar, não é de se espantar que tantos de nós se sintam alienados, sozinhos, esgotados, céticos e sem esperanças.
Esses ensinamentos viram pelo avesso nossas atitudes sobre vencer e se dar bem. As tradições nos dizem que podemos desacelerar, respirar e nos voltarmos para dentro. Adquirir domínio sobre nós mesmos é chegar em casa, chegar ao centro do ser.
Vamos deixar bem claro que não quero ninguém endurecendo o coração. Não vamos nos isolar e nem nos tornar puritanos que se acham melhores que os outros. Ao sentar para meditar não vamos ficar rígidos, como estátuas inertes de Buda. A plenitude espontânea conhecida como a natureza de Buda está sempre aberta e fluindo. Não estática – parada, mas extática (com x) – cheia de êxtase.
Trilhar um caminho interior também não é como um culto, nem uma fé cega. Diz respeito à liderança verdadeira, à personificação dos mais elevados princípios da verdade – não se trata de seguir o rebanho como um cordeiro.
Despertar o Buda interior é abandonar a personalidade fixa e se tornar desperto, liberado e consciente.
Embarcar no caminho espiritual significa abandonar as correntes superficiais e penetrar nas águas profundas da verdadeira sanidade.

Aqui, nós não estamos apenas nadando contra a corrente, mas sondando as águas profundas do Ser para uma religação com nossa verdadeira natureza. E como começamos? Um passo de cada vez... De onde você está, nesse exato momento, mas com plena atenção em como você pensa e age.

por Lama Surya Das

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